Toca o
celular na hora que a van ia me pegar aqui em casa para ir à faculdade. Que
alegria! Foi tão bom ouvir a voz familiar da Mila do outro lado. Eu tinha
acabado de sair de uma sessão de psicoterapia, na qual falei o tempo todo sobre
ela.
A Mila é uma
das pessoas mais corajosas que eu conheço. Ela não dissimula nunca. Ela tem a
audácia de ser quem ela é sempre, e forte o suficiente para conviver com o
impacto que causa nas pessoas ao seu redor. Ela não se magoa; no máximo se
estressa, mas já resolve ali no momento – nada de deixar guardado pra virar
câncer.
Eu dizia
para a terapeuta que por nós duas termos sido criadas meio que formando par, eu
deveria ter um pouco disso também, mas não tenho. Enquanto ela encara eu
encolho. Enquanto ela se mostra inteira eu abro apenas uma fresta para espiar
lá fora. Ela arregaça as mangas e vai à luta eu me fecho no quarto e choro.
Perceber
as diferenças nas nossas atitudes está sendo uma parte fundamental para o meu
progresso. Pois refletindo construo uma nova visão sobre nós e posso também
perceber que existe dentro de mim essa bravura e que a partir de agora começo a
fazer contato com o meu potencial. Porque só agora? Sei lá, tem várias teorias
– maturidade, conhecimento, oportunidade, evolução espiritual (tudo tem o seu
tempo).
Enfim,
fiquei emocionada de falar com ela, assim como estou neste momento ao escrever.
E, olhe só que maravilhosa: quando contei que tinha conseguido e que estava
indo pra faculdade ela me disse “Estou feliz por você! Rezei pra que desse tudo
certo!”. (Irmãos -25/08/2011)